sábado, 16 de janeiro de 2010

O dia em que beijei o asfalto...


Esse texto eu sei que algumas pessoas já leram! Foi originalmente publicado no meu blog, o Chá de Sumiço, mas como eu poderia deixar o meu incidente com o pedreiro de fora do Espasmos? NUNCA! Então editei ele um pouquinho, aproveitei que as meninas andam sem "causos" pra contar e aqui está... pra quem não leu ainda, divirta-se!!!! Quem já leu pode ler denovo, afinal, não é todo mundo que tem o talento de derrubar um pedreiro assim, com uma mão nas costas...


Era um lindo dia de inverno... o sol brilhando, os passarinhos cantando, o vento gelado arrepiando os pêlos da nuca – e eu, como sempre, andando e cantando, com o meu celular arrombando os ouvidos. Tá, eu não lembro que música era, mas sim, pode ser que fosse Rick Martin ou algo latino do tipo... (Isso foi antes da topada descrita no post anterior, então eu ainda não tinha banido o Rick Martin do meu celular...).

Eu tinha recebido uma notícia boa e estava andando facera para o trabalho, no acostamento da rua, porque a calçada tinha tantos buracos que seria impossível caminhar por ela. Só para ficar claro, parei de andar nas calçadas daqui da cidade depois da fatídica topada que vocês já sabem qual... se não sabem ainda, é só ler o post abaixo. Fiquei traumatizada e comecei a andar no asfalto mesmo, achando que estava salva!

Enfim, imaginem euzinha, facera (facera = feliz), descendo um morro com as minhas botas de salto alto (e fino), o meu casaco lilás lindíssimo de lã (que vai até os joelhos), os cabelos ao vento, me sentindo o último salame do porão. Imaginaram? Então... DO NADA levei uma pancada cavalar nas costas e quando percebi eu já estava estatelada na rua, esparramada mesmo, o celular só Deus sabe onde e a bolsa em algum lugar indefinido.

Meu primeiro pensamento, depois de um tempo, quando consegui voltar a pensar, foi “bom, se for um assalto eu só tô com 20 pila na carteira e a bolsa é vagabunda, tá tranquilo”. Nisso apareceu um monte de gente ao meu redor perguntando coisas como “tá doendo? Dói aqui? Consegue levantar?”. Eu não conseguia entender ninguém, não sentia nada e ainda não sabia o que raios eu estava fazendo beijando a droga do asfalto.

Quando finalmente o cérebro registrou a cena e eu vi um marmanjão vindo me entregar meu celular (fazendo cara de guri borrado), entendi finalmente que o dito cujo tinha me atropelado com a BICICLETA dele, (para vocês visualizarem melhor, era um marmanjo de uns 27 anos em uma BMX, uma daquelas bicicletas pequenas de fazer manobra, sabem qual? Ridículo!) na qual ele estava correndo feito um maluco. Naquela hora eu acho que um demônio possuiu a minha mente, coisa que normalmente não acontece, dificilmente eu perco a calma (hohohoho).

(Anne) – Tu tá cego, seu imbecil? Como que tu não viu uma mulher desse tamanho?
(Idiota da bicicleta) – Desculpa...
(Anne) – Desculpa porra nenhuma, olha aí o que tu fez comigo (segurando a mão e o braço, naquela hora a mão não queria mexer direito, doeu pra cacete).

E aquele tumulto, gente ao meu redor, lágrimas escorrendo (mais de raiva do que de dor)... Nisso eu olhei pro ELEMENTO e o dito cujo tava soltando um sorrisinho de canto de boca... ahhhhh, pra que?

(Anne) – Escuta aqui, guri... Tu pega essa merda dessa tua bicicleta e te suma da minha frente... *&$(*&@$(*&(*@&$(*&@$ - Vou poupá-los desse trecho da nossa suave conversa. Sim, eu estava com “sangue nos zóio”, perdi completamente a noção da educação básica e tô pouco me lixando se alguém achou isso ruim. Ser arremessada longe por uma bicicletinha enquanto você caminha para o trabalho realmente não é uma coisa que a gente consiga agradecer a alguém... Ainda mais a um marmanjão barbado que achou gostosinho cair em cima de você, enquanto você se rala toda no asfalto.

Enfim, me fizeram ir ao hospital onde eu ainda enfrentei uma puta duma fila e dei piti na recepção - mas não quebrou nada, só hematomas e luxações. Ahhh, quebrei uma unha (maldito). Fiquei meio esfolada e me sentindo ridícula e totalmente patética, mas isso logo passou. Pior foi aguentar o povo do trabalho e os meus queridos amigos que fizeram questão de se acabar rindo cada vez que imaginavam a cena. Por que será que todo mundo acha engraçado quando eu me ferro? Que coisa!

Ainda existem teorias que dizem que o moço (que pela roupa manchada era pedreiro ou pintor) me viu andando e mirou bem no meio, algo do tipo "UIXXX, TAMO NESSAS CARNE!" só pra poder me juntar. Coitado dele, não sabia que em cima desse salto delicado tem um verdadeiro urso...



Imagem: Deviant Art